Tenho percebido que a cada dia que passa vejo mais pessoas
dizendo que não querem mais se apaixonar, deixar se envolver com alguém... de
amar (de novo, normalmente). É um medo de sofrer que transcende todo o resto.
Até entendo esse medo, afinal, nada mais doloroso que um amor não
correspondido. Mas isso é inevitável, acontece com todo mundo, mais cedo ou
mais tarde.
Já passei por situações bem dolorosas nesse sentido, já
sofri a ponto de achar que aquilo só passaria se eu morresse. Sabe o que
aconteceu? Estou vivo! Afinal estou escrevendo, e isso não é psicografia. Já
tive inúmeras desilusões (ok, inúmeras é exagero, mas tive algumas), já sofri,
chorei, quase me matei de tanto beber pra “afogar as mágoas”... hoje dou risada
de tudo isso, viraram experiências que me fizeram crescer, amadurecer, me
conhecer melhor e conhecer as pessoas, logo, não me arrependo de nada. Mas assim
como sofri e chorei e me descabelei, também amei e fui amado, me apaixonei e
fui correspondido e quer saber? Quando isso acontece, a sensação é tão boa que
faz valer a pena o sofrimento que pode, ou não, vir depois.
Sentir aquele frio na barriga, o arrepio subindo pelas
costas, ter a sensação que o tempo parou e que só nós existimos no mundo
todo... receber uma mensagem e ficar olhando pro telefone com cara de idiota,
lembrar da pessoa e rir a toa, sozinho, no meio da rua, e o povo achando que
você esta doido... sentir o coração disparar e a perna tremer quando recebe uma
ligação... querer que o tempo de fato pare quando você esta com a pessoa e
achar que se o mundo acabasse naquela hora estaria tudo bem, tamanha a
felicidade que o momento te proporciona... isso não tem preço, não há nada
parecido no mundo. Essa constatação de que a gente esta vivo, que não nos
tornamos robôs, sentir o sangue correndo nas veias, quente.
Piegas? Pode até ser, e se esse é o caso, sou piegas sim,
mas sou feliz, incondicionalmente, um eterno apaixonado pelas pessoas e pela
vida.
Confesso que já tentei me fechar a qualquer coisa relativa
ao amor, paixão ou algo do gênero, e percebi que não fechamos as portas só para
o sofrimento, fechamos as portas para todo o resto, a felicidade também fica do
lado de fora. Ok que não sofrer é uma ótima pedida, afinal não sou masoquista,
mas o medo de sofrer também fecha as portas às oportunidades de ser feliz, de
viver uma grande história com alguém, mesmo que ela dure um mês. Já tive
“amores” de um mês, um mês vivido tão intensamente, sofri depois, mas valeu a
pena... certeza que terei muitas histórias pra contar aos filhos que ainda
quero ter.
Medo de sofrer? Tenho sim, e muito, mas meu medo de não ser
feliz é muito maior. Quem não se permite não sofre, mas também não é feliz... tenho
pânico de empates, da vida morna, super estável... quero viver, no sentido mais
pleno da palavra!